Jornal da Eslováquia (Blog N. 463 do Painel do Coronel Paim) - Parceria: Jornal O Porta-Voz

domingo, 4 de novembro de 2007

ENFOQUE SISTÊMICO (SISTEMISMO) - Edson Paim e Rosalda Paim

O enfoque sistêmico ou Sistemismo é a percepção da realidade, ou de alguns de seus aspectos, através da perspectiva da Teoria Geral dos Sistemas (TGS), de Lwidg von Bertalanffy1 e corresponde ao primeiro dos três componentes do Sistemismo Ecológico Cibernético, um construto de nossa autoria.

Na realidade, constitui o ponto de partida para a elaboração da metodologia sistêmica ecológica cibernética.

O enfoque sistêmico, um aspecto do método científico, é designado, também, visão sistêmica, perspectiva sistêmica, abordagem sistêmica ou ainda, concepção sistêmica, constituindo uma maneira peculiar, abrangente, globalista, integrativa, sintética, holística, de perceber e estudar a realidade, bem como de, nela, intervir.

Esta abordagem, alicerçada na TGS, enfatiza as relações entre as partes do todo, ressalta os pontos de decisão e o fluxo de informações do sistema, a integração e interação entre os subsistemas e cuida de prover informações necessárias ao processo decisório.

Este enfoque enfatiza a idéia de totalidade, globalização, abrangência, integralidade, universalidade, síntese e de inter-relacionamento das partes componentes do sistema em estudo.

"As bases do enfoque sistêmico:

* Não surgiu depois dos outros enfoques especializados como seqüencia.

* A idéia de sistema vem da Grécia antiga.

* O moderno enfoque sistêmico começou na mesma época da administração científica, do processo administrativo e da qualidade total.

  • Em 1918 Mary Parker Follet falava da necessidade de os administradores considerarem a "situação total" (Modelo Holístico): não apenas os indivíduos, grupos, mas também fatores ambientais como economia, política, biologia.
  • Holístico: do grego holos - todo, totalidade.
* Enfoque holístico e enfoque sistêmico são idéias similares." (Katz e Kahn)

A abordagem sistêmica (Sistemismo), por si só, já permitiria um enfoque abarcante e integrativo de qualquer sistema em estudo.

Entretanto, com o propósito de enfatizar, não apenas, as inter-relações intra-sistema (intersubsistemas), mas também as relações de trocas entre o sistema e seu entorno ou arredores (ambiente) e, as conseqüentes influências deste no sistema e vice-versa, os autores resolveram abordá-los, simultaneamente - o sistema e o ambiente - mediante os postulados da Teoria Geral dos Sistemas (Sistemismo) e sob os cânones da Ecologia, designando este enfoque conjunto ou duplo, como Sistemismo Ecológico.

A este duplo enfoque (sistêmico e ecológico) acoplamos a Cibernética, constituindo o Sistemismo Ecológico Cibernético, agora, correspondendo a uma abordagem tríplice, ao mesmo tempo: sistêmica, ecológica e cibernética.

Esta visão sistêmico-ecológica-cibernética, por nós proposta, é a percepção da realidade através de uma perspectiva que utiliza, principalmente, conceitos, idéias, fundamentos e princípios da Teoria Geral dos Sistemas, da Ecologia e da Cibernética, mas é acrescida de conhecimentos hauridos em outros ramos do saber científico.

Entre os demais ramos do conhecimento científico que contribuíram para a elaboração do referencial Sistêmico Ecológico Cibernético, destaca-se a Teoria da Informação, a qual pode ser considerada integrante da Cibernética, (a ciência das informações, do comando e do controle, no homem, na máquina e na sociedade), até porque as informações estão na base de todos os mecanismos de controle, não podendo haver processos de controle sem o concurso das informações.

O Sistemismo Ecológico Cibernético torna possível o exame, a um só tempo, do sistema em tela e do ambiente em que o mesmo se acha inserido, envolvendo também, as necessárias e obrigatórias relações de trocas entre ambos, perspectiva esta que permite um melhor conhecimento do próprio sistema, face às influências recíprocas entre o sistema e o ambiente, considerando ainda que ambos, para manter sua homeostasia ou seu estado de equilíbrio, necessitam de constantes reajustes, o que deve ser mediado pela ação de mecanismo de retroação ou retroalimentação (“feedback”), que constitui apanágio da Cibernética.

O enfoque sistêmico é o ponto de partida e um dos alicerces do Sistemismo Ecológico Cibernético, constante do livro do mesmo nome, escrito de parceria com Rosalda Paim.

"Abordagem Sistêmica:

  • OS ENFOQUES ANTERIORES CONSIDERAVAM UM ASPECTO DE CADA VEZ
  • DAVAM POUCA ATENÇÃO (OU NENHUMA) AO MUNDO EXTERIOR À ORGANIZAÇÃO
  • SÃO ENFOQUES QUE SIMPLIFICAM A ORGANIZAÇÃO E A ADMINISTRAÇÃO (ESTUDO ESPECIALIZADO DAS PARTES)
  • A SIMPLIFICAÇÃO É A BASE DA ESPECIALIZAÇÃO
  • HÁ OUTRA FORMA DE VER AS ORGANIZAÇÕES:

NADA É SIMPLES (AMARÚ)

TUDO DEPENDE DE TUDO (CLELAND e KING)

TUDO É COMPLEXO

  • A COMPLEXIDADE É A BASE DO ENFOQUE SISTÊMICO

COMPLEXIDADE

INDICA GRANDE NÚMERO DE PROBLEMAS E VARIÁVEIS QUE AS ORGANIZAÇÕES E OS ADMINISTRADORES DEVEM ENFRENTAR

  • A FERRAMENTA PARA ENFRENTAR A COMPLEXIDADE É O ENFOQUE SISTÊMICO
  • O PONTO DE PARTIDA DO ENFOQUE SISTÊMICO É A IDÉIA DE SISTEMA. " (Katz e Kahn)

Para Mário Chaves2, “como conseqüência do crescente volume de conhecimentos e da necessidade do uso de métodos e aparelhos cada vez mais complicados, para a indagação da natureza, o cientista se especializa, a ciência se divide e subdivide.

Dos três grandes ramos: ciências físicas, biológicas e sociais surgiram várias ciências componentes: a física, a química, a geologia, a biologia, a psicologia, a sociologia etc.

As ciências componentes se subdividiram. As resultantes tornaram-se a subdividir.

Ou agruparam-se umas com as outras: a físico-química, a bioquímica, a psicologia social, a economia política.

O especialista se especializa: o bioquímico de esteróides, o fisiologista renal, etc.

Análise e síntese caminham sempre juntas. O progresso da análise cria a necessidade da síntese.

Assim também o avanço do especialismo na ciência gerou a necessidade de teorias holísticas, abrangendo todas as ciências, isto é, englobando todas as ciências.

Uma das tais ciências é a “teoria geral dos sistemas”, proposta por Bertalanffy, como doutrina universal de integração (wholeness) e organização. Buscou Bertalanffy, um biólogo, analisar o que as várias ciências têm em comum, a fim de encontrar princípios gerais aplicáveis a todas.

Observou ele que certas relações como as expressas pela curva exponencial, pela lei dos dividendos decrescentes, são universais, aplicáveis na explicação de fatos do mundo físico, do mundo biológico e do mundo social.

Com pequena anterioridade sobre Bertalanffy, um matemático, Wiener, havia também desenvolvido uma ciência de ciências, a Cibernética, destinada a explicar o problema de controle e comunicações na máquina, no homem e na sociedade”.

A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) surgiu como um instrumento de síntese, de abrangência, de globalidade, de totalidade, de integração, de universalidade.

A abordagem de qualquer aspecto da realidade sob o prisma da TGS constitui o enfoque sistêmico (Sistemismo), o qual empresta suas características ao Sistemismo Ecológico Cibernético (Edson Paim e Rosalda Paim) e, à Teoria Sistêmico Ecológica de Enfermagem (Rosalda Paim).

Roberto Mangabeira Unger3 ao se referir à unificação das ciências, e particularmente, à unidade das ciências culturais, expressa:

“duas concepções foram pressupostas: uma, a da ciência cultural, outra, a da unidade de todas as ciências culturais.

Se aqui se fala em ciências da cultura, é que só o conceito do cultural pode fundamentar a unidade das ciências humanas, revelando-lhes a natureza específica. ...

Temos paralelamente, insistido na unidade das ciências culturais. Esta unidade se apresenta tanto como um ideal, quanto como realidade em surgimento.

Como ideal, ela radica numa exigência geral da unificação progressiva da visão científica do mundo e, noutra específica que resulta da própria unidade do fenômeno cultural como fenômeno de valor.

Mas a unidade cultural já é, …uma realidade em vir-a-ser.”

A TGS corresponde a um esforço no sentido da integração das ciências em um corpo de doutrina unitária, comum e coerente, almejando se tornar uma ciência das ciências e, mesmo, a ciência das ciências, já tendo sido considerada por alguns autores como tal, contribuindo no sentido da concretização do sonho de Descartes sobre a unicidade da ciência.

"Um problema fundamental da ciência contemporânea é o da teoria geral da organização. Em principio, a teoria geral dos sistemas é capaz de dar definições exatas desses conceitos e, nos casos adequados, submetê-los à análise quantitativa 4".

A influência da Teoria Geral dos Sistemas - uma meta-teoria - e do enfoque sistêmico é, atualmente, muito generalizada.

No que tange às inter-relações às quais remete, a própria definição de Teoria (segundo Th. & Th.)5 se harmoniza com ela, como se vê:

“Teoria é o conjunto de princípios e definições inter-relacionadas que servem conceitualmente, para organizar, de um modo sistemático, aspectos relacionados do mundo empírico".

Tal definição enfatiza a idéias de conjunto, de relação, de sistematização, constituindo na realidade, uma definição sistêmica de teoria, ao tornar claro que o conceito de teoria corresponde, sobretudo, ao de um sistema teórico.

O grande poder de síntese da Teoria Geral dos Sistemas se torna evidente, ao permitir a inclusão de tudo que existe no Universo em, apenas, quatro linhas de sistema:

- um sistema físico que vai do átomo ao Universo físico;

- um sistema biológico - desde o vírus até ao homem;

- um sistema social - a partir da família até a sociedade planetária.

- um sistema tecnológico - iniciando com a flecha (ou outro instrumento ainda mais primitivo) para se chegar ao computador, como propõe Bertalanffy, mas nós podemos substituir este termo por complexas usinas computadorizadas ou mesmo, por engenhos espaciais;

Com base nesta síntese, torna-se possível abordarmos, através de uma perspectiva sistêmica da Ecologia, o próprio ambiente - este também um sistema - o qual circunda uma pessoa - sistema humano - ou quaisquer outros tipos de sistema.

Como qualquer outro sistema, o ambiente (sistema ambiental ou ecossistema) é constituído de subsistemas.

Podemos, então, considerar o ambiente como integrado por elementos de cada uma das quatro linhas de sistema, antes referidas.

Destarte, o ambiente (o ecossistema), abordado numa perspectiva sistêmica, pode ser considerado como constituído pelo somatório dos seus subsistemas (ambientes: físico, ambiente biológico, ambiente tecnológico e ambiente social).

O ambiente inclui o homem, quer como observador (sujeito), quer como objeto de estudo, percebido na sua dimensão física, estática, espacial (corpo), estrutural (organísmica, anatômica, histológica e química), quer considerado em seu aspecto energético, dinâmico (de movimento), funcional (fisiológico), isto é, em sua natureza biofísica/bioquímica.

A seguir, apresentaremos algumas definições de sistema:

Sistema é “um todo complexo e organizado; uma reunião de coisas ou partes formando um todo unitário e complexo6”.

“O todo é algo mais que o simples somatório das partes, pois envolve, necessariamente, todas as relações entre seus componentes7".

Uma característica fundamental dos sistemas é a relação existente entre suas partes constituintes, possuindo aspectos que não são inerentes a cada um dos seus componentes, considerados isoladamente.

O todo é, pois, constituído das partes integrantes do sistema, acrescidas das relações entre elas.

O sistema se constitui de um todo complexo, organizado e inter-relacionado que é, também, algo mais que o mero somatório dos seus elementos constituintes, devendo englobar, sobretudo, as relações existentes entre todos os seus componentes.

Sistema es algo que se distingue del ambiente o de sus alrededores, que está fuera de equilibrio y que reconocemos como distinto del ambiente. Son ejemplos de sistemas, los átomos, los elementos, los compuestos orgánicos, los compuestos inorgánicos, las células, los organismos pluricelulares, la sociedad de los seres humanos, los planetas, el sistema solar, las galaxias y el universo.8

“Um sistema é um conjunto de objetos junto com as relações entre os objetos e seus atributos. 9

“La naturaleza puede estudiarse por medio de nuestra elección arbitraria de cualquier porción de materia de universo; esto le llamamos un sistema..

Un sistema cualquier más sus alrededores, es igual a la totalidad del universo.10

Sistema é “qualquer agregado reconhecível e delimitado de elementos distintos que estejam de alguma forma interligados e interdependentes e que continuem a operar juntos de acordo com certas leis e de tal forma a produzir algum efeito total característico.

Um sistema, em outras palavras, é algo relacionado com algum tipo de atividade e dotado de uma certa integração ou unidade; um sistema particular pode ser reconhecido como distinto de outros sistemas com os quais, no entanto, pode estar dinamicamente relacionado.

Os sistemas podem ser complexos, podem estar formados por subsistemas interdependentes, os quais, por sua vez, embora com menos autonomia do que o agregado total, podem ser diretamente distinguidos durante as operações11”.

A idéia de sistema dá uma conotação de plano, método, ordem, arranjo. O antônimo de sistema é caos.O conceito de sistema involucra o de lei e o de efeito, de resultado. O conceito de sistema é, por conseguinte, um conceito dinâmico12.

A noção de sistema envolve, além da idéia de totalidade, encerra a de processo, de movimento e mudança, aspectos que são compartilhados com a Cibernética e com a própria Dialética.

A Cibernética, sobretudo, contém no seu bojo a idéia de movimento, de processo e de mudança e, por ser integrante da TGS, potencializa as características dinâmicas desta ciência, mormente face ao seu mecanismo de regulação e controle (“feedback”) que constitui seu apanágio e, ao emprestar ao Sistemismo tal atributo, amplia o seu campo de ação e sua fecundidade, reforçando suas características dialéticas, como veremos em capítulos seguintes.

Os sistemas cibernéticos são sistemas abertos, dotados de dispositivos automáticos de regulação ou de retroalimentação (“feedback”), reajustando-se às circunstâncias através desse mecanismo.

Um sistema aberto é aquele que tem interação com seu ecossistema. A interação entre o sistema e o respectivo ambiente é efetuada através de trocas. Este intercâmbio pode ser sintetizado como “trocas de matéria, energia e informações”.

Excetuado o Universo, o qual consiste num sistema fechado, todos os sistemas, nele existentes, são abertos, uma vez que, através dos quais, ocorrem fluxos de matéria, energia e informações.

“Embora a palavra sistema tenha sido definida de muitas maneiras, todos os definidores estão de acordo que um sistema é um conjunto de partes coordenadas para realizar um conjunto de finalidades.

Um animal, por exemplo, é um sistema, maravilhosamente construído, com muitas partes diferentes que contribuem de várias maneiras para a sustentação de sua vida, para seu tipo reprodutivo e suas atividades. 13

Um sistema corresponde à idéia de conjunto de partes, de inter-relações e interdependência destas, além de encerrar um objetivo, propósito, finalidade.

“Os sistemas são constituídos de conjuntos de componentes que atuam juntos na execução do objetivo global”. O enfoque sistêmico é simplesmente um modo de pensar a respeito dos sistemas totais e seus componentes. Todo ser vivo pode ser considerado como um sistema. A característica vida nos permite colocá-lo na linha dos sistemas biológicos. A vida está inserida num meio físico, num meio não vida, a natureza. Um organismo vivo, como sistema biológico, está inscrito num sistema maior, o ecossistema. O ser vive em função do ecossistema e, enquanto as condições deste permitirem a sobrevivência do ser. Ultrapassadas as condições, o ser morre e sua substância passa a integrar a natureza do ecossistema. O fenômeno vida de um ser é, pois um episódio temporário no ecossistema. …Nos sistemas mais complexos, a diferenciação filogenética, operando em uma dimensão de milhões de anos, produziu sistemas orgânicos de extrema complexidade, com uma grande divisão de trabalho entre subsistemas, tal como o que se pode observar nas espécies animais atuais.l4

Todo sistema é formado por um conjunto de subsistemas, o qual, por sua vez, é constituído por um agregado de subsubsistemas. Um sistema, da mesma natureza e de maior amplitude, no qual o sistema em estudo está contido é o seu metassistema.

“Um sistema (todo) é composto de elementos (partes). Ao conceber um sistema, entretanto, é necessário incluir mais atributos: o conjunto de relações que ligam entre si os elementos do sistema, e o conjunto de atividades desses elementos. Isto porque é importante que se tenha em mente que um sistema implica, a existência de um processo operacional global, e não meramente uma coleção de partes ou elementos justapostos de uma maneira qualquer. Portanto, a consideração de um sistema implica, sempre (e simultaneamente), a consideração de três conjuntos: o conjunto de elementos que compõem o sistema, o conjunto de relações desses elementos entre si e o conjunto de suas atividades (efetivas ou potenciais) 15”.

Por sua vez, o Estruturalismo também enfatiza a idéia de sistema e de relações entre os elementos integrantes de uma estrutura, havendo, portanto, um parentesco próximo entre o Sistemismo e o Estruturalismo.

A avaliação dos resultados possibilita o controle ou reajuste do sistema, bem como do seu processo, através do mecanismo de retroação (“feedback”), atributo fundamental da Cibernética, compartilhado pela Teoria Geral dos Sistemas, uma vez que a Cibernética é considerada integrante desta teoria.

“Constantemente é a teoria dos sistemas identificada com a cibernética e a teoria do controle, o que é incorreto. A cibernética, enquanto teoria dos mecanismos de controle na tecnologia e na natureza, fundamentada nos conceitos de informação e retroação, é simplesmente uma parte da teoria geral dos sistemas. Os sistemas cibernéticos representam um caso particular, embora importante, dos sistemas que apresentam auto regulação16”.

"A retroação é a volta do efeito (saída) sobre a causa (entrada). Se os resultados não são condizentes com os esperados, isto é, se não satisfazem os propósitos do sistema, os mecanismos de retroação (“feedback”) acionam determinados controles (humanos ou físicos), para reajustamento do sistema.12

Todo processo de avaliação deve de ser contínuo, e os critérios nos quais se fundamenta, fixados nos propósitos, para possibilitar a aferição da efetividade ou eficácia com que os resultados alcançados satisfazem aos propósitos do sistema. A retroação negativa (“feedback”), de um modo geral, permite conservar certas variáveis, dentro de determinados limites, constituindo o principal dispositivo a serviço da homeostasia. Representa uma retroação reguladora e conservadora da estrutura existente. Qualquer grandeza pode ser submetida ao controle se três condições forem satisfeitas. Primeiramente, necessitamos de um órgão regulador, capaz de processar as mudanças necessárias. A seguir, a grandeza a ser controlada, precisa ser mensurável, ou pelo menos comparável a um padrão, ou seja, necessita haver um dispositivo medidor. Finalmente, a regulação e a medição precisam ser suficientemente rápidas. A regulação pelo "feedback" pressupõe que o sistema tenha uma meta que será determinada pela configuração de suas variáveis internas em relação às variáveis externas. A grandeza a ser regulada pode ser desde a entrada de vapor numa caldeira até o grau de anestesia de um paciente numa operação cirúrgica. 18

"Os sistemas são feitos de dois tipos de componentes ou partes:

Físicos ou Concretos: ítens materiais, como equipamentos, máquinas, peças, instalações, pessoas.

Conceituais ou abstratos: conceitos, idéias, símbolos, procedimentos, regras, hipóteses, manifestações do comportamento intelectual ou emocional.

  • os sistemas são formados pelos dois tipos de componentes (combinação de ambos)
  • pode ocorrer predominância de um tipo em alguns sistemas"

ESTRUTURA DOS SISTEMAS

Qualquer sistema pode ser representado como conjunto de elementos ou componentes interdependentes, que se organizam em três partes:

ENTRADAS

PROCESSO

SAÍDAS "


(Katz e Kahn)

Processo é a dinâmica, o funcionamento do sistema considerado, ou ainda, o conjunto de procedimentos cuja finalidade é a consecução dos propósitos ou metas de um sistema ou de cada um dos seus subsistemas constituintes. Corresponde, assim, à “fisiologia” do Sistema.

Os aspectos centrais de um sistema são: Propósitos (ou goals), conteúdos e processos. Um sistema pode ser identificado a partir dos seus propósitos, ou seja, do que se pretenda realizar.

Exemplificando com o caso do sistema de saúde e/ou seu subsistema de enfermagem, poderíamos afirmar que os propósitos de um sistema de saúde e/ou de enfermagem é representado pela busca de maior eficiência e eficácia na assistência integral ao paciente, à família e à comunidade. A análise dos Propósitos é capaz de nos permitir derivar Conteúdos (componentes) essenciais que, integrados por meio de Processos, possam contribuir para a obtenção dos Propósitos.

Conteúdos de um sistema de saúde e/ou enfermagem e dos demais sistemas, seriam entre outros, recursos, teorias e procedimentos, passíveis de contribuírem, em diferentes níveis, para os Propósitos do Sistema.

Por outro lado, um sistema de saúde ou de enfermagem reporta-se às interações e combinações entre os vários Conteúdos utilizados para atingir os Propósitos.

Por sua vez, um sistema é constituído de subdivisões ou subsistemas, com Propósitos, conteúdos e processos próprios ou comuns ao sistema, e cujos resultados são essenciais para o propósito do sistema como um todo. Analogamente, a definição de supra-sistema (metassistema) refere-se ao contexto que englobe propósitos comuns e interdependentes de vários sistemas.

Entradas (inputs) são os elementos que entram na composição de um sistema. Conteúdos (componentes) são apenas um tipo de input. Saída (output) são os resultados.

A avaliação dos resultados possibilita o controle ou reajuste do sistema, através do mecanismo cibernético de retroação (“feedback”).

Um problema fundamental da ciência contemporânea é o da organização. Em princípio a teoria geral dos sistemas é capaz de dar definições exatas desse todo complexo e, nos casos adequados, submete-los à análise quantitativa. 19.

Há modelos, princípios e leis aplicáveis a sistemas generalizados ou suas subclasses, qualquer que seja seu tipo particular, a natureza dos seus elementos constituintes e as relações ou forças que neles interagem.

“... podemos esboçar cinco considerações básicas que o cientista julga deverem ser conservadas no espírito quando se pensa sobre o significado de um sistema”:

1) Os objetivos totais do sistema e, mais especificamente, as medidas de rendimento do sistema inteiro;

2) O ambiente do sistema: as coações fixas;

3) Os recursos do sistema;

4) Os componentes do sistema, suas atividades, finalidades e medidas de rendimento;

5) A administração do sistema. 20

“As vantagens e características do enfoque sistêmico são”:

a) Permite a análise de sistemas complexos, empregando o método científico para integrar os diversos fatores envolvidos nas decisões ou soluções.

a) Postula que um sistema só pode ser estudado e entendido em suas relações.

b) Enfatiza relações entre componentes dentro e fora do sistema.

c) Integra subsistemas por meio de conexões funcionais, tendo em vista os objetivos finais do sistema. Analisa-os em termos de inputs e outputs, e quantifica-os sempre que possível.

d) Geralmente, utiliza os seguintes passos, em seu desenvolvimento:

Determinação de necessidades ou “goals” para o sistema.

Determinação de prioridades, dentre os componentes, em função dos “goals”.

Formulação de um modelo para relacionar elementos em função de “goals” (geralmente são modelos quantitativos).

Avaliação dos elementos e seleção das combinações mais plausíveis.

Implementação do modelo proposto.

Administração, controle e revisão da operação do sistema.

Pesquisa, desenvolvimento e inovação contínua do sistema, em face das necessidades internas ou novos “goals” ou pressões externas21”.

O objetivo da teoria geral dos sistemas é a formulação de princípios válidos para os “sistemas” em geral, independente da natureza dos elementos componentes e das relações ou “forças” existentes entre eles. É, conseqüentemente uma ciência geral da “totalidade”.

“Os principais propósitos da teoria geral dos sistemas são”:

l. Há uma tendência geral no sentido da integração das várias ciências, naturais e sociais.

2. Esta integração parece centralizar-se numa teoria geral dos sistemas.

3. Esta teoria pode ser um importante meio para alcançar uma teoria exata nos campos não físicos da ciência.

4. Desenvolvendo princípios unificadores que atravessam “verticalmente” o universo das ciências individuais, esta teoria aproxima-nos da meta da unidade da ciência.

5. Isto pode conduzir à integração muito necessária na educação científica. 21

Uma das características do Sistemismo, além enfatizar as relações entre as partes do todo, é a idéia de totalidade, estabelecendo um ponto de contato com o Gestaltismo (Teoria da Forma).

Esta postura está em contraposição ao fragmentarismo da Psicologia Psicofísica, o qual é consubstanciado na tendência de resolver os fatos de consciência por meio de elementos últimos (sensações, emoções elementares, reflexos ou instintos elementares) e explicar os fenômenos mais complexos mediante a combinação de tais elementos (atomismo e associacionismo).

O Gestaltismo, Psicologia da Forma ou Psicologia Gestáltica assesta suas baterias sobre um dos princípios reducionistas da Psicofísica - o atomismo e o associacionismo (características fundamentais, extraídas do empirismo inglês), - assumindo um ponto de vista simetricamente oposto, que consiste em postular que o fato fundamental da consciência não é o elemento, mas a forma total, uma vez que esta é irredutível à soma ou combinação dos elementos constituintes.

Para o Gestaltismo, um dos princípios básicos da Psicofísica deixou de se referir a fatos e fenômenos da consciência e passou a considerar formas, configurações ou campos, em sua forma ou estrutura total. O Gestaltismo avançou, principalmente, no estudo da percepção, tendo acumulado grande número de trabalhos experimentais.

O Sistemismo guarda estreita relação de parentesco, com o Estruturalismo, de vez que, em alguns aspectos, seus conceitos e idéias interpenetram e, este modo de pensar e método de análise é empregado nas ciências desde há muito tempo, da mesma forma que o Sistemismo, também analisa sistemas e examina a estrutura, as relações e as funções dos elementos constituinte desses sistemas, mormente nas áreas de humanidades.

O ponto de partida do Estruturalismo é a Lingüística e a Psicologia do início do século XX, cujo apogeu se constituiu com a Antropologia Estrutural, em torno dos anos de 1960.

Este termo teve origem na Gestalt e na Lingüística, tendo sido defendido pelos russos R. Jacobson23, N. Trubetzkoy24 e outros, atingido seu apogeu com a Antropologia Estrutural, em torno dos anos 60, com francês Claude Lévi-Strauss, o mais renomado representante do Estruturalismo, sobretudo face aos estudos sobre os indígenas no Brasil e na América em geral, ao se dedicar a “busca de harmonias insuspeitas”.

Mas o Estruturalismo, malgrado o seu conceito de diacronia, denota, mais especificamente, apenas, o aspecto estático dos sistemas, os quais enfatiza, apresentando-se, pois, prenhe de reducionismo no que se refere aos atributos dinâmicos.

Todo sistema possui uma estrutura ou constituição, uma "anatomia" (dimensão estática) e um funcionamento (aspecto dinâmico), constituindo este, o seu respectivo processo, ou seja, a sua "fisiologia".

Os aspectos estruturais, morfológicos, “anatômicos” e a ênfase nas relações entre as partes constituintes do todo, contidos no Estruturalismo, sanciona a sua estreita relação de parentesco com o Sistemismo, entretanto, aquele se apresentaria com aspectos estáticos e reducionistas, em comparação com a Metodologia Sistêmica, que além de possuir os mesmos atributos, é acrescida da noção de totalidade, de abrangência, de síntese e, mercê de englobar, no seu bojo, a Cibernética e a Teoria de Informações, as quais lhe transfere suas características dinâmicas (de movimento, de processo), capazes de lhe emprestar uma maior fecundidade, tornando-a mais apta que o Estruturalismo para tratar do dinamismo, do funcionamento, da “fisiologia”, dos sistemas.

Não obstante o Estruturalismo ser mais reducionista que o Sistemismo e, por isto mesmo, passível de ser abrangido e englobado por este, pode aquele, contribuir enormemente para uma maior eficácia do Sistemismo e do Sistemismo Ecológico Cibernético (Capítulo X), no estudo da estrutura, da “anatomia” dos sistemas, motivo pelo qual convém estendermos algumas considerações à idéia de estrutura e ao Estruturalismo.

O estruturalismo, como o Sistemismo, analisa as relações e as funções dos elementos constituintes dos sistemas.

O estruturalismo é mais empregado para o estudo da linguagem e das práticas culturais, dos textos literários e dos contos folclóricos.

Compreende-se como Estruturalismo, todo método, modo de pensar, processo de análise ou pesquisa que, utilizado em qualquer campo, principalmente nas ciências humanas, faça uso do conceito de estrutura.

“O termo estrutura alia-se, em sua importância crescente, (através dos conceitos de totalidade, sistema, forma, organismo) aos trabalhos germinais do método e da análise estrutural …O termo estrutura vem do latim structura, derivado do verbo struere que quer dizer construir”. Sua concepção original é arquitetural.

O ponto de vista estruturalista foi introduzido na Antropologia por Radcliffe-Brown25 (1950) e difundido na Antropologia moderna por Levi-Strauss, tendo havido tentativas no sentido de estendê-lo a todas as ciências humanas.

“A abordagem estruturalista é antiga em Antropologia, mas um verdadeiro impulso se deve a Claude Levi - Strauss26: O estruturalista pensa, fala, analisa e opera estruturalmente.

“É lá pelo século XVII que seu uso cresce, e num duplo sentido, isto é, no sentido do corpo do homem, visto agora como uma construção e nas realizações deste homem, particularmente a língua - o discurso, o poema, etc. …É este sentido de conjunto, das partes do conjunto e das relações entre estas partes que ele passou a ter para os anatomistas e gramáticos. São estes últimos que o transportam, significativamente, ao século XIX, isto é, medeiam sua passagem aos que se dedicavam às ciências da natureza e às ciências do homem. É aqui que se encontram Spencer, Morgan e Marx… Com Spencer, diz Bastide, assistimos o caminho que faz o termo da biologia à sociologia. Ainda que estejam distinguidos em Spencer, o “organismo social” do organismo biológico, o termo “estruturas sociais”, tem aqui origem na biologia. Outro caminho, que tem aqui sua origem é o que vai de Durkhein a Radcliffe-Brown, e para este existe a analogia entre estrutura orgânica e estrutura social. Opondo-se a esta linha naturalista “e mais ou menos na mesma época que Spencer, Morgan abre uma corrente que nos leva a Levi-Strauss” (Bastide). …Morgan não fala propriamente em “estrutura” mas em sistemas de parentesco, tanto quanto Saussure - origem do método estrutural - que somente utiliza o termo “sistema” e jamais o de estrutura. 27

Roger Bastide28 reconhece que o Estruturalismo tem obrigado as ciências sociais a repensarem as suas bases. Em algumas ciências e saberes já constituídos - Psicanálise, Psicologia, Antropologia, Economia, Política, Crítica Literária e 12outras - os estruturalistas constituíram e constituem nova perspectiva de encará-los, enquanto em outras atividades do homem fizeram e fazem ciência lá onde ela ainda não existia.

Desde Saussure29, tornou-se banal dizer que, fora de sua estruturação na linguagem, “as idéias", a totalidade das coisas pensáveis, não passam de uma "uma massa amorfa e indistinta".

Além disso, um pressuposto estruturalista está assim formulado: “a significação não se deposita no elemento ou no fato, mas sim nas relações que estabelece. 30

Desta maneira, o realce das relações, oposições e diferenças nos conduzem, de imediato, ao campo do sistema. O Estruturalismo visa objetivar os processos de significação, constituindo-os em sistemas, para o que se torna fundamental a conversão dos fatos em signos, de vez que tanto os sistemas quanto as estruturas a que eles remetem se referem a uma realidade construída, mas não uma realidade de fato.

O Estruturalismo, em sua exigência mais geral, não só tende a interpretar um tipo específico de indagação em termos de sistema, como também a mostrar que os diversos sistemas específicos, como se verificam em diferentes campos (como antropologia, economia, lingüística) correspondem-se ou têm características análogas. Levi-Strauss31 julga possível que uma mesma estrutura possa ser encontrada em três níveis da sociedade: no sentido de que as normas de parentesco e de casamento servem para assegurar a comunicação das mulheres entre os grupos, da mesma forma como as normas econômicas servem para assegurar a comunicação dos bens e dos serviços, enquanto que as normas lingüísticas servem para garantir a comunicação de mensagens.

Estes três tipos comunicação poderiam ser sintetizados e traduzido, em linguagem do Sistemismo, como um processo de trocas ou intercâmbio de matéria, energia e informações entre sistemas.

O Estruturalismo é, sobretudo, “uma nova maneira de colocar e explorar os problemas nas ciências que tratam do signo, uma maneira que teve seu ponto de partida na linguagem saussuriana32”.

O Estruturalismo, não constituiria uma teoria nem um método, representando, na realidade, apenas uma perspectiva epistemológica. Parte da premissa de que qualquer conceito de um sistema é destituído de significado por si próprio, sendo determinado em função de todos os demais conceitos do referido sistema. O significado dependeria, sobretudo, do contexto.

O Estruturalismo manifesta sua oposição a três frentes: historicismo, idealismo e humanismo.

O historicismo, em face de constituir substancialmente uma consideração longitudinal da realidade, correspondente a interpretação da realidade em termos de devir, desenvolvimento e progresso, é criticado pelo Estruturalismo, o qual postula o primado da concepção transversal (cross-section), ou seja, da concepção que considera a realidade como um sistema relativamente constante e uniforme de relações. O Estruturalismo não considera, entretanto, o sistema como estático ou imóvel, admitindo o estudo diacrônico, paralelamente ao sincrônico, mas aquele fica subordinado a este e, considera que as mudanças temporais seriam apenas, transformações nas relações constitutivas de um sistema ou como meras oscilações dessas transformações, em torno dos limites estabelecidos pelo próprio sistema.

Com referência ao idealismo, o Estruturalismo afirma a objetividade dos sistemas de relações que, ainda quando concebidos como modelos conceituais, isto é, como construções científicas, não se reduzem a um ato ou função subjetiva, mas têm como sua função fundamental a explicação do maior número de fatos constatados.

Com relação ao humanismo, o Estruturalismo prioriza o sistema em relação ao homem, das estruturas sociais em contraposição às escolhas individuais, da língua em relação ao falante individual e, em geral, da organização econômica ou política em relação às atitudes individuais.

Sapir33 escreveu: Para nós, as línguas são mais que sistema de comunicação intelectual. São hábitos invisíveis que envolvem nosso espírito e predeterminam a forma de todas as suas expressões simbólicas. Segundo Althusser34, a estrutura global da sociedade determina todas as suas manifestações do mesmo modo que a substancia de Spinoza35 determina todos os seus modos. Esse determinismo é uma conseqüência da interpretação realista do conceito de estrutura, não se encontrando em sua interpretação como modelo ou construto hipotético, passível de interpretações diferentes. Contudo, como historicismo, idealismo e humanismo indeterminista foram os traços característicos do clima idealista da primeira metade do século XX, o Estruturalismo, em suas várias formas, denuncia o dissolver-se desse clima na cultura contemporânea..

O Estruturalismo representa uma posição científica aplicável contemporaneamente a todo e qualquer campo do conhecimento humano. Entende o estruturalista haver uma inter-relação entre os dados, fatos e pressupostos filosóficos, ao invés de apenas uma dependência unilateral.

Verifica-se, pois, que em muitos aspectos, o Gestaltismo, o Estruturalismo e o Sistemismo se aproximam, mas este se apresenta com maior amplitude, maior alcance.

Por sua vez, o caráter de movimento, de dinâmica, de funcionamento, de “fisiologia” dos sistemas, enfim, de processo, aproxima o Sistemismo do Funcionalismo.

O Funcionalismo, cujo parentesco com o Sistemismo também é notório, sobretudo por se referir às funções ou operações dos organismos vivos, correspondendo perfeitamente às características dinâmicas e funcionais dos sistemas, isto é, a sua “fisiologia”, sendo considerado por alguns autores como duas metodologias associadas e complementares e, designadas, em seu conjunto, como Sistemismo/Funcionalismo, porém, não é impróprio afirmar que o primeiro contém o segundo.

A Teoria Geral dos Sistemas (Sistemismo), pode ser considerada como a própria teoria da globalização, mas o Sistemismo Ecológico Cibernético, torna-se, ainda mais fecundo para visualizar e interpretar a globalização e o processo globalizante.

O Sistemismo, que já inclui no seu bojo, a Cibernética e a Teoria de Informações, ao ser justaposto à Ecologia, passa a constituir o Sistemismo Ecológico Cibernético, idealizado pelos autores (Capítulo X), para abranger, a um só tempo, tanto o sistema em estudo como o respectivo ambiente, pode corresponder atualmente, em nosso entendimento, a um referencial adequado para se abordar, além do próprio universo e do sistema planetário, os sistemas tecnológicos e sistemas sociais, econômicos, educacionais e outros, cuja abrangência ou repercussão tem dimensão terráquea ou, mesmo aqueles que, tendo amplitude local ou regional, têm, como seu ambiente, o próprio planeta, necessitando, não apenas uma abordagem sistêmica, mas concomitantemente, um enfoque ecológico global.

Com base no exposto, formulamos o Princípio abaixo descrito que integra Sistemismo Ecológico Cibernético, o qual será repetido no Capítulo X.

1 - Princípio da Universalidade Ecológica

A abordagem de quaisquer sistemas - físicos, biológicos, tecnológicos e sociais - deverá, necessariamente, abranger a focalização de seus metassistemas e do ambiente em que se acham inseridos, incluindo as relações de trocas de matéria, energia e informações entre o sistema e seus metassistemas e, de ambos com o ambiente.

A idéia de dinamismo, de movimento, de processo, que o Sistemismo encerra, ainda quando considerado isoladamente, é reforçada pelo concurso da Cibernética (já que esta é considerada abarcada pela da Teoria Geral dos Sistemas), enquanto a Cibernética, por sua vez, engloba a Teoria de Informações, o que amplia, mais ainda, a TGS.

A Cibernética e a Teoria de Informações se completam mutuamente, ao tratarem de fluxos de informações e mecanismos de regulação e controle, constituindo, cada uma delas, aspecto complementar e relevante do Sistemismo.

Do exposto, conclui-se que não se pode negar a existência de uma ruptura das fronteiras conceituais no que tange ao Gestaltismo (Teoria da Forma), Estruturalismo, Funcionalismo e Sistemismo, tornando, a nosso ver, os três primeiros, juntamente com a Cibernética e a Teoria de Informações, complementares ao Sistemismo, já que entre todos, o último é de natureza mais abarcante, mais abrangente, tendo, maior poder de síntese, podendo constituir o continente, capaz englobá-los e de os conter (conteúdos), ademais, em virtude de possuir “ganchos” se torna passível de fixar, não só os ramos referidos, mas também outros setores do conhecimento.

Além dos conceitos de totalidade, integração, globalidade, síntese, abrangência, universalidade e de relações entre as partes do todo, que constituem apanágio da Teoria Geral dos Sistemas, mercê do parentesco com as disciplinas referidas, os conteúdos destas, não só confirmam os atributos referidos, como reforçam as idéias de estrutura, de dinamismo, de movimento, de funcionamento, de “fisiologia”, de transformação, de processo, de comunicação, de comando, de regulação, de controle, com referência à universalidade dos sistemas, sancionando a Teoria Geral dos Sistemas e a metodologia dela derivada, o Sistemismo, como a mais abrangente e holística dentre todas as existentes.

Apesar de possuir todos estes atributos, além de sua pretensão de se tornar uma ciência das ciências ou mesmo a ciência das ciências, ainda é possível constatar que a TGS se apresenta eivada de um certo reducionismo, de vez que seus fundamentos, idéias, conceitos e princípios não são suficientemente amplos para ultrapassar os limites ou horizontes do sistema para se tornar capaz de, explicitamente, abarcar o ambiente em que um sistema esteja inserido, só o fazendo de forma implícita.

Por outro lado, entendemos que qualquer estudo que ignore as características do ambiente do sistema, tendo em vista os necessários e indispensáveis intercâmbios (de matéria, energia e informações) entre ambos e suas conseqüentes ações recíprocas, deva ser considerado limitativo, insuficiente, fragmentário, reducionista, deficiente.

Com a intenção de suprir esta lacuna, este fragmentarismo ou reducionismo, resolvemos explicitar a extensão do estudo ao ambiente do sistema, mediante a utilização de uma metodologia constituída pelo acoplamento da Teoria Geral dos Sistemas (Sistemismo) à Ecologia.

Para os efeitos desta justaposição, considera-se a TGS acrescida de todas as ciências ou ramos do conhecimento dela tributários, como já referimos. Ao conjunto resultante da fusão dos fundamentos, conceitos, idéias e princípios da Teoria Geral dos Sistemas com os da Ecologia passamos a denominar Pensamento Sistêmico Ecológico Cibernético ou Sistemismo Ecológico Cibernético (Capítulo X), o qual seria capaz de abranger, a um só tempo e, de forma explicita, tanto o estudo do sistema como o do ambiente.

Tal quadro de referência, mais amplo, permitiria interpretar melhor, entre outros, o fenômeno da globalização, pois nos dias presentes, tanto o sistema social (e seus subsistemas), como o ambiente dos sistemas necessita ser visualizado, também, em sua dimensão planetária.

De certa forma o Sistemismo, mesmo considerado isoladamente, já se constituía numa metodologia de grande potencialidade preditiva, de vez que, com a antecedência de quase meio século, ao surgir, já expressava a tendência à globalização, cujo advento e ubiqüidade representa o melhor testemunho e confirmação do potencial de previsibilidade da Teoria Geral dos Sistemas.

A globalização crescente é conseqüência lógica do desenvolvimento dos meios de transporte, de comunicação e, da informática, tendo resultado da transmissão instantânea das informações à nível planetário, com reflexos em todos os setores da sociedade, cujo processo avança a cada dia. A globalização veio para ficar, para permanecer, por isso, teremos de assimilá-la, quer dela gostemos ou não.

O Sistemismo, estabelecido há pouco mais de meio século, previu o surgimento desta nova realidade e pretendeu representar, pelo menos, uma etapa decisiva na construção e evolução de um referencial consentâneo com as necessidades de nosso tempo.

Na era da globalização, torna-se, cada dia, mais necessário o conhecimento e a utilização do Sistemismo, a fim de melhor entender esse processo globalizante e, conseqüentemente, lutar contra seus efeitos danosos, aproveitando-se, ao mesmo tempo, suas potencialidades benéficas.

A Teoria Geral dos Sistemas (Sistemismo), pode ser considerada como a própria teoria da globalização, mas o Sistemismo Ecológico-Cibernético, torna-se, ainda mais fecundo para visualizar e interpretar a globalização e o processo globalizante.

O Funcionalismo ou Psicologia Funcional representa uma das correntes fundamentais da Psicologia, que considera que o objeto da Psicologia não é um fato de consciência, mas que consiste em funções ou operações do organismo vivo, as quais se constituem como unidades mínimas indivisíveis e, através delas o organismo estabelece relações com o ambiente.

É de se ressaltar a impossibilidade de se considerar os elementos de uma determinada função como entidades autônomas e independentes das relações de que participam.

O Funcionalismo teve início com uma obra de Dewey, na qual este afirmara categoricamente que o arco reflexo não poderia ser dividido em estímulo e resposta, mas deveria ser considerado como uma unidade, em que o estímulo e a resposta, considerados em seu conjunto, são capazes de auferir significado.

O Funcionalismo tem em comum com o Gestaltismo o mérito do abandono do terceiro princípio da Psicofísica que consiste no atomismo e no associacionismo.

A principal novidade do Funcionalismo é o probabilismo, o qual consiste em negar os procedimentos da ciência, mas também a todas as funções cognitivas humanas (inclusive a percepção imediata), o caráter de certeza e infalibilidade, e em atribuir a todas essas funções a possibilidade de atingirem uma validade apenas provável. Em razão de tal probabilismo, o Funcionalismo introduz a Psicologia no campo das idéias fundamentais da ciência contemporânea, com a adoção do paradigma imposto pela física moderna em substituição ao modelo mecanicista da física clássica.

A idéia de dinamismo, de movimento, de processo, de “fisiologia”, que o Sistemismo encerra, ainda quando considerado isoladamente, é reforçada pelo concurso da Cibernética (enquanto integrante da Teoria Geral dos Sistemas) e, por sua vez, pela Teoria de Informações (porque integrante da Cibernética).

A Cibernética e a Teoria de Informações se completam mutuamente, ao tratarem de fluxos de informações e de mecanismos de regulação e controle, constituindo, cada uma destas ciências, aspecto relevantes do Sistemismo.

Do exposto, conclui-se que não se pode negar a existência de uma ruptura das fronteiras conceituais no que tange ao Gestaltismo (Teoria da Forma), Estruturalismo, Funcionalismo e Sistemismo, tornando, os três primeiros, juntamente com a Cibernética e a Teoria de Informações, complementares ao Sistemismo, já que, comparativamente com os demais, este é de natureza mais abarcante, mais abrangente, tendo, maior poder de síntese, constituindo-se um continente, capaz englobá-los e de os conter (conteúdos), ademais, em virtude de possuir “ganchos” passíveis de fixar, não só ramos referidos, mas também outros setores do conhecimento.

Além dos conceitos de totalidade, integração, globalidade, síntese, abrangência, universalidade e de relações entre as partes do todo, que constituem apanágio da Teoria Geral dos Sistemas, mercê do parentesco com as disciplinas referidas, os conteúdos destas, não só confirmam os atributos supra referidos, como reforçam as idéias de estrutura, de dinamismo, de movimento, de funcionamento, de “fisiologia”, de transformação, de processo, de comunicação, de comando, de regulação, de controle, com referência à universalidade dos sistemas, sancionando a Teoria Geral dos Sistemas e a metodologia dela derivada, o Sistemismo, como a mais abrangente e holística dentre todas as existentes.

Apesar de possuir todos estes atributos, além de sua pretensão de se tornar uma ciência das ciências ou mesmo a ciência das ciências, ainda é possível constatar que a TGS se apresenta eivada de um certo reducionismo, de vez que seus fundamentos, idéias, conceitos e princípios não são amplos suficientemente para ultrapassar os limites ou horizontes do sistema, não abarcando, explicitamente, o ambiente em que tal sistema está inserido, só o alcançando de forma implícita.

Em decorrência de entendermos que qualquer estudo que ignore as características do ambiente do sistema poderia ser considerado fragmentário, limitativo, insuficiente, reducionista,. tendo em vista a existência dos necessários e indispensáveis intercâmbios (de matéria, energia e informações) entre ambos que resultam em ações recíprocas, afetando-se mutuamente.

Com a intenção de suprir esta lacuna, tal fragmentarismo ou reducionismo, propomos explicitar a extensão do estudo ao ambiente do sistema, mediante a utilização de uma metodologia construída mediante o acoplamento da Teoria Geral dos Sistemas (Sistemismo) à Ecologia.

Para os efeitos desta justaposição, considera-se a Teoria Geral dos Sistemas acrescida de todas as ciências ou ramos do conhecimento dela tributários, como já referimos, mas particularmente, da Cibernética e da Teoria de Informações.

Ao conjunto resultante da fusão dos fundamentos, conceitos, idéias e princípios da TGS com os da Ecologia passamos a denominar Pensamento Sistêmico-Ecológico ou Sistemismo Ecológico (Capítulo X), o qual seria capaz de abranger, a um só tempo e, de forma explicita, tanto o estudo do sistema como o do ambiente.

O quadro de referência proposto, face ao seu caráter mais amplo, permitiria interpretar melhor, entre outros, o fenômeno da globalização, pois nos dias presentes, tanto o sistema social (e seus subsistemas), como o ambiente dos sistemas necessita ser visualizado, também e, sobretudo, em sua dimensão planetária, face às suas repercussões e afetações globais, como soe acontecer, o que pode ser exemplificado com o fato da guerra do Iraque.

De certa forma o Sistemismo, mesmo considerado isoladamente, já se constituía numa metodologia de grande potencialidade preditiva, de vez que, com a antecedência de quase meio século, ao surgir, já expressava a tendência à globalização, cujo advento e ubiqüidade representa o melhor testemunho e confirmação do potencial de previsibilidade da Teoria Geral dos Sistemas e, não seria exagero afirmar que ela nasceu, mesmo, em razão desta tendência, detectada pelo seu autor.

Entretanto, o Sistemismo Ecológico Cibernético, cujo fundamento básico é a Teoria Geral dos Sistemas, mercê de abranger, explicitamente, a Ecologia, em sua visão mais ampla e irrestrita, além da Cibernética e a Teoria da Informação, torna-se, ainda, mais fecundo para visualizar e interpretar a globalização e o processo globalizante.

O Sistemismo, que já inclui no seu bojo, a Cibernética e a Teoria de Informações, agora, justaposto a Ecologia, passa a constituir o Sistemismo Ecológico Cibernético, (Capítulo X), para abranger, a um só tempo, tanto o sistema em estudo como o respectivo ambiente, pode corresponder atualmente, em nosso entendimento, a um referencial adequado para se abordar, além do próprio universo e do sistema planetário, os sistemas tecnológicos e sistemas sociais, econômicos, educacionais e outros cuja abrangência ou repercussão tem dimensão terráquea ou, mesmo aqueles que, tendo amplitude local ou regional, não deixa de ter, como seu ambiente o próprio planeta, necessitando, não apenas uma abordagem sistêmica, mas concomitantemente, um enfoque ecológico global.

Com base no exposto, formulamos o Princípio abaixo descrito, o qual integra o Sistemismo Ecológico Cibernético, o qual será repetido no Capítulo X.

2 - Princípio do Universo Sistêmico

A Teoria Geral dos Sistemas, através de seu conceito de organização sistêmica dos seres vivos (Sistema Biológico), dos seres brutos (Sistema Físico), das associações humanas (Sistema Social) e dos instrumentos (Sistema Tecnológico) postula a idéia da existência de um universo sistêmico, alicerce fundamental do Sistemismo Ecológico Cibernético.

Este princípio se baseia na abrangência da Teoria Geral dos Sistemas, capaz de abarcar, no seu bojo, o nosso sistema planetário ou o próprio universo inteiro e, cujo grande poder de síntese permite relacionar, como já nos referimos antes, tudo que nele existe em apenas, quatro linhas de sistema:

- um sistema físico que vai do átomo ao universo físico;

- um sistema biológico - compreendendo desde o vírus até ao próprio homem;

- um sistema social - a partir da família até alcançar a sociedade planetária;

- um sistema tecnológico - iniciando com a flecha (ou outro instrumento, ainda mais primitivo), para se chegar ao computador, ou mesmo, aos complexos engenhos espaciais.