Jornal da Eslováquia (Blog N. 463 do Painel do Coronel Paim) - Parceria: Jornal O Porta-Voz

domingo, 4 de março de 2012

VIDA, INFORMAÇÃO, ENTROPIA E NEGENTROPIA - Por Edson Paim & Rosalda Paim


"Vida, Informação, Entropia e Negentropia" é a designação do  V capítulo do livro SISTEMISMO ECOLÓGICO CIBERNÉTICO - UM PARADIGMA HOLÍSTICO, 4a. Edição - 2004 - 342 p., de autoria de Edson Paim & Rosalda Paim e representa aspecto do conteúdo do Pensamento Sistêmico Ecológico Cibernético Informacional, o qual constitui o quadro de referência ou base filosófica da "TEORIA SISTÊMICA ECOLÓGICA CIBERNÉTICA DE ENFERMAGEM", de Rosalda Paim, contida no Livro "TEORIA SISTÊMICA ECOLÓGICA - UMA VISÃO HOLÍSTICA DA ENFERMAGEM - 2a. Edição - Ano 2000 - 234 p., enquanto a 3a. edição já se encontra no prelo.
A seguir, apresentamos o referido capítulo:
  

   VIDA, INFORMAÇÃO, ENTROPIA E NEGENTROPIA


                                    (ABORDAGEM INFORMACIONAL)

A abordagem informacional privilegia o estudo dos circuitos de informação e comunicação que integra e permeia qualquer sistema de natureza física, biológica, tecnologia e social, incluindo seus processos internos e suas relações com o ambiente.
Este ponto de vista se fundamenta  na Teoria da Informação.
A teoria da informação ou Teoria Matemática da comunicação é um ramo da teoria da probabilidade e da matemática estatística que lida com sistemas de comunicação, transmissão de dados, criptografia, codificação, teoria do ruído, correção de erros, compressão de dados.  (Wikepédia).
A abordagem informacional corresponde à quarta etapa ou degrau do processo de construção da metodologia Sistêmica Ecológica Cibernética, a qual poderia ser designada, mesmo, Sistêmica Ecológica, Cibernética e Informacional, mas, por comodidade e, porque, na realidade, a Cibernética abriga, no seu seio, a Teoria da Informação, utilizaremos a primeira hipótese.
Embora concordando que a Teoria da Informação mereça identidade própria, cujo papel se avulta  como participante do conjunto de ciências da complexidade, para fins operacionais,  preferimos tratar da abordagem informacional como elemento constituinte da Perspectiva Cibernética, constante do Capítulo anterior, acompanhando Morin1, que  considera a Teoria da Informação como integrante da Cibernética.
Segundo Francelin2, “Aceitando-se o objeto de estudo da ciência da informação em seu contexto, talvez não seja tarefa difícil detectar a relação entre a "Trindade profana" proposta por Morin (1999a) e a ciência da informação. São três teorias já conhecidas da ciência da informação que fazem parte desta Trindade": a teoria de sistemas, a cibernética e a teoria da informação.
Vale lembrar que Morin3 (1999a) reputa, à função da teoria de sistemas, da cibernética e da teoria da informação, uma possível via de entendimento de mundo que considera complexo, não suas relações, pois isto não seria possível devido às limitações da capacidade humana e dos fenômenos inexplicáveis propostos pela natureza, mas sim analisar a complexidade que permeia estas relações.”
O que talvez Morin4 (1999a) queira esclarecer por meio destas três teorias é que a informação, como a própria ciência da informação a entende, esteja presente em quase todas as fases da auto-organização de mundo proposta pelo autor e justamente naquilo em que a ciência da informação talvez não conceba tal ocorrência, ou seja, no ruído da mensagem entre emissor e receptor através de um canal, "[...] (ordem a partir do ruído), não apenas da desordem, mas a partir do ruído" (Morin, 1999a, p.29).
Ainda,  Francelin5 refere: Portanto, parece ser interessante à ciência da informação uma aproximação do instinto formativo bachelardiano da complexidade morinana e sua "Trindade profana" (teoria da informação, cibernética e teoria de sistemas), pois entende-se que este possa ser o caminho para possível compreensão de determinados contextos de complexidade que possam envolver a atividade informacional.”
A Teoria Geral dos Sistemas, a Cibernética e a Teoria de Informações se complementam entre si e se conjugam no trato de fluxos informacionais e mecanismos de regulação e controle, constituindo, cada um componente desta tríade, aspecto relevante na constituição do Sistemismo Ecológico Cibernético. 
As informações estão na base da universalidade dos mecanismos de controle, além de permear todas as três ciências já referidas (Teoria Geral dos Sistemas, Ecologia e Cibernética), influi na totalidade dos processos biológicos e sociais.  
Estas três ciências, acrescidas da Ecologia, são as componentes essenciais, ou melhor, podemos afirmar que estes ramos do conhecimento constituem os quatro pilares principais do construto de nossa autoria - Sistemismo Ecológico Cibernético (Capítulos X a XII).
A idéia de dinamismo, de movimento, de processo, de “fisiologia”, que o Sistemismo encerra, é reforçada pelo concurso da Cibernética (integrante da Teoria Geral dos Sistemas) e pela Teoria da Informação (tributária da Cibernética).
A Teoria da Informação não deve ser confundida com a tecnologia da informação e com a biblioteconomia
            O sistema humano, como outros sistemas vivos, em seu processo de integração, precisa, entre outros fatores, de comunicações e da informação, as quais consomem, desperdiçam e degradam energia.
A informação, contida no código genético, permeia todos os organismos vivos, alcançando quaisquer dos seus processos interiores (estruturais ou fisiológicos) e a totalidade das suas relações com o ambiente.
Em qualquer processo de transmissão de mensagens, há possibilidades de equívocos, tais como erros de codificação, de emissão, de transmissão, de decodificação, ou perturbações várias, decorrentes da interferência de ruídos ou de outros fatores mecânicos.
Foi esta observação que deu ensejo à teoria matemática da informação (SHANNON & WEAVER, The Mathematical Theory of Communications, 1949): Shannon observou que uma mensagem enviada através de um canal qualquer sofre deformações diversas durante a transmissão, razão pela qual, ao chegar ao destino, uma parte das informações que continha já está perdida. Estabeleceu, assim, a analogia entre esta perda e a entropia, função que, com base no segundo princípio da termodinâmica, exprime a degradação da energia que se verifica em qualquer transformação de trabalho mecânico em calor, ao passo que a transformação inversa (do calor em trabalho mecânico) (nunca é completa).1
A partir da analogia entre a perda de informação e a entropia, foi possível estabelecer que a quantidade de informações transmitidas poderia ser calculada como entropia negativa.
Na transmissão das mensagens, assim como na transformação de qualquer modalidade de energia, a entropia negativa (negentropia) decresce continuamente porque a positiva (perda de informações ou degradação de energia) cresce continuamente.
 Com base nessa analogia, o calculo das possibilidades, utilizado pela termodinâmica pode ser empregado como instrumento muito oportuno para determinar as fórmulas com que a medida da quantidade de informações pode ser expressa em cada caso, cujas variações dependem do número e da freqüência dos símbolos utilizados, de sua possibilidade de combinação, da interferência dos fatores de perturbação dos símbolos e assim por diante. Nesse último caso, toma-se em consideração os símbolos chamados redundantes, cuja finalidade é prever e corrigir os erros de transmissão antes que ocorram, de tal modo que o funcionamento da transmissão seja corrigido antecipadamente pela previsão das perturbações com o processo de retroalimentação2” .
Quanto mais improvável é uma mensagem, maior é a carga de informação que ela transmite. Daí ter-se uma quantidade mínima de informação quando esta permite apenas uma escolha entre duas possibilidades que tenham a mesma probabilidade.
 Tal quantidade mínima foi estabelecida como unidade de medida de informação e designada bit (abreviação da expressão inglesa binary digit = cifra binária).
A energia do universo tende a se distribuir no sentido de um  maior nivelamento, em sua forma mais degradada, anárquica, caótica, indiferenciada, equilibrada e mais estável possível, designando-se esta característica com o nome de entropia.
O termo entropia foi criado por Clausius3 (l850), estribado no segundo princípio da Termodinâmica, para denotar a tendência de todos os sistemas para o resfriamento, para o nivelamento energético, para a desorganização, indiferenciação e  catamorfose, para a  mesmice e o caos, para a morte.
A Termodinâmica estuda a energia, sua transferência e condução, bem como os efeitos destes processos em um sistema determinado e no seu ambiente.
Entropia é a medida da perda das características que fazem com que um sistema se diferencie do seu ambiente.
 “Entropía es el grado de desorden, el equilibrio máximo en el cual no se puede haber cambios físicos ni químicos, ni se pude desarrollar ningún trabajo y donde la presión, la temperatura y la concentración son uniformes e irreversibles en todo el sistema. Solo los sistemas en desequilibrio pueden desarrollar trabajo.4
Consoante o princípio da unidade da energia, uma modalidade de energia pode ser transformada em outra.
“De acuerdo con la  primera ley de la termodinámica, en cualquier proceso el total de energía de un sistema más la de alrededores permanece constante. Sin embargo la energía puede sufrir transformaciones de una forma a otra, como lo son, el calor, la luz, la electricidad, la energía mecánica y la química. La segunda ley de la termodinámica limita los tipos de transformación de energía y predice la dirección en la cual dichas transformaciones deben ocurrir, desde un punto de vista estadístico, en cualquier proceso químico o físico. La segunda ley de la termodinámica establece que, en los sistemas cerrados, todo procede en la dirección del máximo equilibrio entre el sistema y sus alrededores (el universo). A esto se lo conoce como aumento de la entropía. Entropía es el grado de desorden y  de caos.5
Há uma tendência universal para os estados de maior degradação: catamorfose, indiferenciação, um direcionamento para baixo (resfriamento, nivelamento energético, desorganização, caos), enfim, a “morte entrópica”, incluindo a morte dos sistemas vivos.
Mario Chavesdiz que Gibbs formulou a teoria de que essa probabilidade tende naturalmente a aumentar acompanhando o envelhecimento do Universo e que a medida dessa probabilidade é designada entropia.
Há, pois, uma tendência universal característica da entropia de  aumentar continuamente, no sentido de estados de maior degradação: catamorfose, indiferenciação, tudo sendo direcionando para baixo (resfriamento, nivelamento energético, desorganização, caos), enfim, a “morte entrópica”, incluindo a morte dos sistemas vivos, designando-se esta tendência com o nome de entropia, a qual teria a probabilidade de aumentar com o envelhecimento do universo. A medida de tal probabilidade é designada entropia. 
Em razão dessa tendência de aumento contínuo e permanente da entropia, pode se afirmar que o estado mais provável do planeta Terra é o seu total resfriamento.
  Tal já aconteceu com Marte, cujo estado atual é um exemplo patente dos efeitos da ação da entropia, desenvolvida há bilhões de anos;
Um dia, em passado longínquo, Marte teria apresentado as condições climáticas semelhantes às existentes, hoje, na Terra, enquanto seu estado mais provável, de ambos, é o resfriamento total, assim como o estado mais provável da vida é a morte e, o estado mais provável da administração é o caos.
 “No universo como um todo, o estado mais provável é o caos, a quiescência, a desorganização, a morte entrópica, a catamorfose. O estado mais provável da terra é a nivelação, as montanhas destruídas pela erosão, os rios correndo para o mar e levando com eles a substância das montanhas pela gravidade. O estado mais provável do sol é o apagar-se depois que todas as reações possíveis, as explosões atômicas das quais a terra deriva sua energia tenham ocorrido, simplesmente porque a probabilidade de sua ocorrência vai aumentando com o passar do tempo. Embora o apagamento do sol esteja a bilhões de anos pela nossa frente, não poderemos deixar de pensar em nós mesmos, usando a brilhante expressão de Wiener, como náufragos no espaço confinados a um espaço condenado. 7
Mas, neste Universo físico, tendente para os estados de maior entropia, indiferenciação, catamorfose e mesmice, eis que em determinado instante, surge uma contra corrente à lei geral da entropia - a Negentropia - e a terra primitiva se transforma em um enclave negentrópico.
Nela a entropia tendeu para a diminuição, desenvolvendo-se uma situação de anamorfose, diferenciação e organização da matéria, surgindo a vida e, iniciando-se um formidável e belo "show" planetário.
“La materia viva ha evolucionado de la materia inerte. La materia inerte renueva continuamente los sistemas de materia viva al fluir por ellos, debido al consumo continuo de energía. 8
Os sistemas vivos constituem sistemas auto-organizadores, auto-reguladores e auto-reprodutores, dotados de mecanismos de feedback”,  portanto homeostáticos, cibernéticos.
 “A vida é o conflito do singular contra o universal; do desequilíbrio de cada sistema (em relação com seu entorno) contra o equilíbrio máximo; do esforço para manter instável com relação à máxima estabilidade a que tende a natureza; da diferenciação contra a indiferenciação; da ordem contra o caos e da sistematização contra a anarquia... A vida representa a evolução da matéria do estado mais provável para o estado mais improvável... a matéria e a energia se movem simultaneamente a favor e contra a vida... O organismo do ser humano, igualmente a  todos os sistemas de matéria viva, composto por duas ou mais células, constitui uma sociedade de células. 9
O ser humano representa um sistema, maravilhosamente construído, com muitas partes distintas interligadas e inter-relacionadas que contribuem de várias maneiras para a sustentação de sua vida, para a consecução do seu processo reprodutivo e suas demais atividades, cujo mecanismo de controle, de regulação, com a finalidade de manutenção da homeostasia é o dispositivo cibernético denominado “feedback”.
Sua importância é ressaltada pelas afirmações de Hans Reinhard Rapp10, citado por Marcelo Azevedo11 "que quando o primeiro processo de feedback foi construído pela evolução começou a vida" e, quanto à oposição entre entropia e negentropia, repetimos a frase lapidar de Aurel David12, mencionada pelo mesmo autor: “... Mas a matéria vinda dos alimentos passou para o campo da vida e luta com ela contra o resto da matéria. …Quer se trate de órgãos vivos ou bens manufaturados, a matéria que os constitui deixa localmente o curso da entropia para seguir a nossa via.”
Aqui encontramos a mais expressiva manifestação da luta, do antagonismo entre a matéria viva e a matéria inerte, a mais significante constatação da relação dialética entre o ser vivo e o ambiente circundante, bem como a mais magistral maneira de expressar da incorporação dos alimentos à massa corpórea do ser vivente.
O surgimento da vida na terra é um evento ocorrido no sentindo inverso ao da entropia, portanto, um acontecimento  com caráter de improbabilidade.
 “Existen, sin embargo, sistemas que se oponen - aunque solo de manera transitoria - a este fluir de la naturaleza que se dirige de la luz y el orden al caos y a las tinieblas. Estos sistemas son los organismos compuestos por materia viva, que constituyen solo una ínfima parte de la materia y energía del cosmos y que, hasta donde se sabe, solo existen en el planeta Tierra. Este a su  vez está formado por una pequeñísima porción de la materia existente. 13
.           A vida constitui uma contra corrente à lei geral da entropia, existindo um conflito permanente entre o ser vivo e o ambiente que vive, entendido o sistema ambiental como o somatório de seus quatro componentes: um subsistema físico, um subsistema biológico, um subsistema social e um subsistema tecnológico.
 “La vida es una enfermedad incurable y una lucha contra la entropía. La medicina es una actividad del ser humano que trata de mantener la integridad de la estructuración y el desequilibrio del organismo humano, como sistema compuesto por materia viva, en contra la tendencia de la naturaleza a la entropía máxima, al equilibrio energético, a la in diferenciación, a la estabilidad y al caos.14"
A fim de se opor, temporariamente, à ação inexorável da entropia, o homem tem a necessidade de aplicação, contínua e permanentemente, de forças antientrópicos (negentropia), tanto com relação à vida e a saúde, como no que tange aos processos administrativos e às máquinas e, mesmo, ao próprio sistema social global.
A Negentropia, cujos sinônimos são: anatropia, neg-entropia ou neguentropia (entropia negativa = entropia com o sinal invertido),  contra-entropia, antientropia, ou ainda, entalpia, significa o movimento da energia no sentido de mais informação, maior organização, mais vida, saúde, progresso e aumento da complexificação, de um determinado sistema.            
Ao longo do processo evolutivo, os seres vivos,  agindo uns sobre os outros, integrando o próprio ambiente ou ecossistema (biótopo e biocenose)  mantém  a sua transformação recíproca.
A interação e os conflitos entre os seres vivos e o ambiente - ambos sistemas auto-organizadores, auto-reguladores e auto-reprodutores - direcionaram o processo de evolução e de diferenciação das espécies e, num passado longínquo, mediante um processo de hominização produziu o homem, cuja dimensão espacial é o corpo e, temporal, a longevidade e a historicidade e, atingindo o nível da consciência - o ápice da evolução biológica.   A origem da vida, a construção do código genético, os mecanismos da reprodução, todo o processo evolucionário, a diferenciação das espécies, a manutenção do equilíbrio dos organismos vivos (homeostasia), a aquisição dos mecanismos da consciência e da linguagem são processos negentrópicos.
 Estes processos seriam direcionados pelas próprias potencialidades ou “virtuosidades da matéria”, como preconizam autores materialistas ou por grande consciência, preexistente, como propugnam outros (idealistas), cuja controvérsia (e esta é a questão fundamental da filosofia), não se pretende discutir, aqui, até porque tal assunto poderia ser traduzido pela metáfora expressa na pergunta: “Qual teria surgido primeiro, o ovo ou a galinha?”.
Todavia, se a organização da matéria como o surgimento da vida, tenha sido resultado de potencialidades ou virtuosidades intrínsecas da matéria e, inscritas no seu próprio âmago, como preconiza Engels ou, decorrentes da vontade e ações de uma consciência superior e transcendental, como postulam outros.
Pelo menos, com objetivos operacionais (e o fazemos neste trabalho), poderíamos atribuir a designação de Negentropia a essa “força” ou energia, a esse princípio, esse poder organizador, seja ele, de origem endógena ou exógena, intrínseco ou extrínseco, em relação à matéria.
A Negentropia é uma força apta a representar a síntese de todas as modalidades de energia, conhecidas ou desconhecidas, a qual teria ela presidido a organização da matéria e sua evolução “desde o mineral até a consciência”, na feliz expressão de Pierre Teilhard Chardin. 15"
Com base na lei de transformação da energia (uma modalidade desta pode ser transformada em outra), podemos, operacionalmente - para os fins deste trabalho - considerar a Negentropia como um elemento unificador (síntese) de todas as espécies de energia, conhecidas ou não.
Com referência ao surgimento da vida e à trilha da evolução biológica, ao processo de hominização (antropogênese) e a sociogênese, não é possível  precisar seus limites evolutivos e o futuro da humanidade e, nem mesmo, se cogitar a respeito, pois isto ultrapassa quaisquer possibilidades de previsão e, até de imaginação.
É esta ação negentrópica que reproduz e conserva temporariamente a vida dos animais e dos vegetais, promove a evolução biológica, assim como, mediante sua expressão em trabalho humano, processa toda a organização e evolução social, científica e tecnológica, em contraposição aos inexoráveis efeitos da entropia.
“La vida es lucha contra la entropía. Esta lucha que es parte del fluir de la materia y la energía en el cosmos, se lleva a cabo en la naturaleza de la cual todo forma parte. Es posible que sólo se limite a nuestro pequeño planeta, que gira silenciosamente en el espacio infinito de una noche eterna. La energía del universo tiende a distribuir-se en todo el espacio en busca del equilibrio, de la mayor estabilidad, de la mayor dispersión y probabilidad posibles, lo que da lugar al grande desorden, a la mayor redistribución, al caos y la entropía máxima.16”       
Cada célula de um organismo multicelular constitui um sistema, situado no seu ambiente - o espaço intercelular - com o qual efetua intercâmbios de matéria, energia e informações,  estabelecendo uma luta constantemente contra a entropia e, mediante mecanismos cibernéticos de “feedback” procura manter o maior nível de homeostasia, permissível pelo seu potencial genético.
“En cada célula se resumen las tres funciones fundamentales de la materia viva que son: el metabolismo, la reproducción y la adaptación.  Cualquier sistema que metaboliza  y se perpetúa está compuesto por materia viva. Desde este punto  de vista, los virus son sistemas - compuestos de materia viva   - aun más simples que las células. Todas las funciones de la célula, como organismo compuesto por materia viva, significan movimiento, transformación, flujo y recambio constante de materia en el sistema para lo cual se requiere un aporte continuo de energía. Las funciones metabólicas son la nutrición, la respiración y la síntesis de compuestos; de ellas depende la integridad de la célula, como sistema, durante su lapso vital.17"
Ao longo do processo evolutivo, os seres vivos (sistemas  auto-organizadores, auto-reguladores e auto-reprodutores), agindo uns sobre os outros, integrando o próprio ambiente ou ecossistema (biótopo e biocenose),  mantém  a sua transformação recíproca.
Se considerarmos o ser vivo como tese e, o conjunto   espaço-temporal (ambiente e tempo) como antítese, a síntese será a vitória inexorável dessa dupla sobre cada ser vivo, resultando na morte (síntese).
Podemos, entretanto, fazer outra assertiva, igualmente verdadeira, em que o par dialético - vida (tese) e morte (antítese) resulta na evolução (síntese), - colocando, pois, a própria morte, a serviço da evolução e caracterizando a Dialética dos Sistemas Vivos e a Dialética Cibernética, por nós propostas, o que pode ser expresso através do:

Princípio Tanatoteleonomia

            A morte é a resultante da predominância absoluta das ações entrópicas sobre as negentrópicas nos sistemas auto-organizadores e auto-reguladores e representa um dispositivo de retroação ("feedback") dos sistemas vivos, cuja teleonomia é possibilitar a manutenção da cadeia alimentar, do equilíbrio ecológico e o desenvolvimento do ciclo da matéria, restituindo-a ao estado de indiferenciação, como constituinte do sistema físico, além de assegurar o processo de diversificação das espécies e da evolução biológica.

Neste Princípio estão contidos, ao mesmo tempo,   fundamentos da dialética e da cibernética, cuja justaposição permitiu a proposta da Dialética Cibernética.
“Por medio de la oxidación los compuestos orgánicos  liberan energía y, a su vez, la oxidación significa envejecimiento y aumento de la entropía de dichos sistemas. La oxidación es necesaria para la vida y, al mismo tiempo, significa la muerte. En esto sentido, nos dice Laborit: “Resumiendo, las oxidaciones tendrán el envejecimiento por consecuencia. No es, pues, ilógico decir, que el oxígeno es el tóxico esencial a la vida... Se llega, pues, a un dilema: una forma de vida perfeccionada como la nuestra tiene necesidad de los procesos oxidativas y del oxígeno molecular; pero esos procesos son, sin duda, la origen del envejecimiento y de la muerte. La eternidad o la sumisión al medio, o la libertad y la muerte. En el punto de evolución biológica a que hemos llegado, es evidentemente difícil de imaginar una solución que nos permita conservar la vida y la libertad sin oxígeno.18"
A capacidade que tem o homem de atuar e transformar seu próprio sistema ou seu ambiente constitui trabalho. O trabalho, tanto muscular como intelectual, correspondem ao movimento da matéria, energia e informações e constitui a base de toda atividade econômica.
Há uma constante transferência de entropia de um sistema para outro ou para o ambiente e vice versa.
O ser humano, igualmente a qualquer sistema biológico, sofre um desgaste ou deterioração ao transformar energia em trabalho, ocasionando, pois um aumento da entropia em seu organismo.
O homem, ao atuar sobre a matéria, a fim de transformá-la em objeto, acrescenta-lhe negentropia, diminuindo a entropia deste, enquanto a negentropia do corpo do trabalhador fica diminuída, em razão da transferência para o objeto trabalhado e, conseqüentemente, a entropia do seu organismo torna-se aumentada. Dialética e
Quando nem o equivalente da negentropia, despendido pelo corpo do trabalhador for reposto, mediante o salário recebido, se caracteriza a mais expressiva autêntica forma de “mais valia”.
Se o estado entrópico, decorrente do trabalho, não for neutralizado, mediante a reposição de negentropia, ou entropia negativa, resultante será pobreza, miséria, doença e morte.
Las enfermedades, tanto físicas como mentales son... manifestaciones de entropía dentro del sistema-organismo-humano que tiende, en mayor o menor grado, a su caos o anarquía. La curación significa buscar los mecanismos de aporte energético que permitan el desequilibrio, ya que la muerte significa el equilibrio con el universo.19"
A referência supra ao equilíbrio com o Universo significa  a involução da matéria viva até o seu nivelamento com a matéria inerte que corresponde à maioria da constituição do universo.
“La materia viva existente incluye una parte ínfima de la totalidad de la materia inerte que hay en el universo.20"
As ações de saúde correspondem a um conjunto de medidas capazes de possibilitar a transferência de negentropia do ambiente para o corpo da pessoa assistida, objetivando manter o desequilíbrio deste com o universo.    
“La medicina pretende mantener funcionando correctamente los mecanismos, que el mismo organismo humano utiliza, para permanecer diferenciado y en desequilibrio con el medio ambiente, para continuar vivo, y eliminar todo aquello que agrede y amenaza la integridad y la estructura del organismo.21
Os processos de informação e comunicação contribuem para a diminuição da entropia no interior do sistema social, às expensas do ambiente, cuja entropia é aumentada.
O aporte de negentropia no organismo humano e no sistema social, como um todo, corresponde a um aumento da entropia do ambiente.
“Los sistemas compuestos por materia viva (organismos e sociedad) negativizan su entropía “robándole” entropía negativa a sus alrededores, ya que así mantienen su orden y su desequilibrio ocasionando desorden e equilibrio en el medio que los rodea. Se introduce una cantidad de entropía negativa de fuera hacia a dentro del sistema compuesto por materia viva.22
A entropia dos sistemas vivos é neutralizada pela reposição de negentropia ou entropia negativa - expressões que se equivalem - mediante a sua extração do ambiente. 
Há uma interação entre os sistemas vivos e o sistema ambiental, constituindo um todo em que ambos se afetam mutuamente, correspondendo a um processo integrativo, em que um é parte do outro, formando, na realidade, um novo sistema de maior amplitude, de natureza mista: o sistema vivo/ecossistema. 
Face à sua importância do antagonismo entre a Entropia e a Negentropia, o tema será complementado nos Capítulos VII - Cibernética dos Sistemas Vivos, VIII - Dialética dos Sistemas Vivos,  IX - Dialética Cibernética e X - Sistemismo Ecológico Cibernético e, cujos princípios estão sintetizados nos Capítulos XI e XII, constituindo, estes três últimos, a perspectiva sistêmica ecológica cibernética que corresponde ao objeto precípuo deste livro.



Todos os direitos reservados aos autores
copyright Ó by Edson N. Paim e Rosalda C.N. Paim

Diagramação: Marcos A. de Oliveira
Técnico em Informática

Dados Internacionais de catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

                Paim, Edson N.
                Paim, Rosalda C. N.
Sistemismo Ecológico Cibernético /  Edson N. Paim,  Rosalda Paim
                               Técnica: Marcos Antônio de Oliveira  - Lambari (MG);
                               Cel Informática & Editoração Ltda., 2004. 342 p.

                1 - Sistemismo Ecológico Cibernético - Um Paradigma Holístico  

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